Sou jovem, eu sei. Mas às vezes sinto que vou explodir com tantos sonhos guardados que esperam o momento certo para acontecerem. Quero tanta coisa! Uma vontade doida de querer abraçar o mundo todo por mim mesma. Como posso já tão nova (se é o que dizem) e não ter tempo para fazer tudo o que quero e preciso? Como dormir no mínimo oito horas por dia, praticar exercícios físicos com regularidade, tirar boas notas na faculdade, ganhar meu sustento e manter uma vida social saudável com apenas 24 horas por dia? Juro que estou tentando, mas não sei.
Sinto-me como se estivesse com minha "matrícula na vida" amarrada. Sabe, quando você precisa concluir uma matéria para só depois de concluída você possa se matricular em outra, caso contrário, você acaba travando seu curso? É exatamente isso que ocorre comigo, mas em proporções muito maiores do que as acadêmicas. Como é difícil esperar, ter paciência. E meu sangue italiano nesse quesito não me ajuda nem um pouco... Mas sei que é preciso. Afinal, o que posso fazer além do possível? O impossível está nas mãos de Deus.
Talvez isso seja orgulho nosso. Sim, queremos controlar tudo, sermos donos de nossos próprios narizes e fazer tudo no nosso jeito, quando e como queremos. Por nós mesmos. Às vezes isso nem é consciente, mas impulsionado por esse ritmo maluco de vida que tanto critico e no qual nunca vou me encaixar. Mas como saber o que é melhor para nós se não nos conhecemos nem a nós mesmos direito? Não temos como prever o futuro e saber as consequências exatas de nossas escolhas, todas as mudanças, boas e ruins, que aconteceriam em nossa vida. O que fazer então?
Bem, para saber o que fazer, em primeiro lugar, deve-se saber o que não fazer. Não podemos confiar em nós mesmos. Não, não somos tão inteligentes e infalíveis para isso. Esqueça aquelas frases motivacionais vazias do tipo "Você consegue, confie em você!" ou "Ouça seu coração, você sabe o que é melhor." Mas a verdade é que não, você não sabe. Nós não sabemos o que é melhor para nós porque somos limitados, nossas vontades são desordenadas, tendemos ao vício naturalmente. Logo quando crianças, bem pequenos mesmo, até sem saber falar, quando começamos fazer nossas pequenas estripulias e somos chamados à atenção por nossos pais, mesmo sem entender o que estamos fazendo, ficamos testando a tolerância deles. Como uma criança que fica tocando o forno e a mãe diz um "Não!" bem enfático. Sabemos que o ato que realizamos é algo ruim, pois fomos reprovados, mas queremos continuar para ver o que vai acontecer se nós decidirmos por nós mesmos, se seguirmos a nossa vontade.
Se não podemos confiar em nós, em quem confiar? A resposta é óbvia, mas às vezes fazemos questão de esquecê-la, assim como a criança que busca testar a paciência do pai. Confiemos em nosso Criador, pois apenas Ele conhece nossos corações, nossas reais necessidades e o melhor para nossa
alma. (Eu disse alma, não na vida terrena. Porque se você é daqueles que pensa que Deus lhe dará tudo o que você pedir na vida sensível, material, você realmente não tem ideia do que nós estamos fazendo aqui neste mundo e deve ler um
bom catecismo...).
Se abandonar na vontade de Deus não é fácil, pois ainda mais com o pensamento do mundo moderno, somos muito apegados a nós mesmos, aos prazeres e confortos meramente sensíveis. Mas que loucura! Como pensar tanto nos gozos terrenos e se esquecer dos gozos da eternidade, que serão infinitamente maiores, simplesmente porque veremos ao próprio Deus, o Sumo Bem?
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Waiting by the window - por Carl Holsoe |
Sim, preciso acordar do meu delírio cheio de sonhos deste mundo, pois talvez ainda não seja o melhor momento para que eles se tornem realidade. Talvez esses sonhos não sejam o melhor para mim. Talvez simplesmente eu deva ser forçada a esperar para aprender a ter paciência e a me submeter, justamente, Àquele que tem o direito a isso.
“Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do SENHOR!” (Jeremias 17:5)