quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Silêncio...e paz



O uso da palavra paz sempre me incomodou muito. Mesmo sem ter uma formação sólida, percebia fácil o quanto ela era banalmente usada. Era, e continua, um lugar comum, que abrange qualquer coisa, que pode ser usado em qualquer ocasião. Todos desejam a paz, um mundo de paz, de amor, de fraternidade, de igualdade, de...bem, é fácil saber como isso termina. Em nada, em um vazio tão grande, de significado tão rarefeito que é impressionante o quão indistintamente essa palavra é usada por qualquer pessoa! Como o ser humano pode aceitar tal esvaziamento de sentido?



As três imagens ao lado são as primeiras que encontramos no Google quando digitamos paz e refletem bem o que quero dizer. As mãos unidas, formando o globo terrestre, representam a paz mundial, um mundo unido, sem guerras, fraterno, igualitário, livre... A cruz do tipo "pé de galinha", que a maioria só conhece como símbolo de "paz e amor" dos hippies, é na verdade um símbolo usado por feiticeiros e satanistas. Uma escolha bem interessante a dos hippies, não? Já a pomba branca é lembrada como a manifestação do Espírito Santo em passagens bíblicas, em episódios como o da Arca de Noé ou do batismo de Nosso Senhor. É muito preocupante a associação entre esse símbolo sacro e a moderna definição de paz. Isso faz com que o símbolo seja banalizado, esvaziado de seu sentido original e utilizado para propagar novas ideias. Se antes o Espírito Santo era associado à Fortaleza que mantinha na Fé os soldados de Cristo, hoje ele é tomado como uma força de amor, um sentimento profundo, algo meramente sensível, e não racional, que faz todos se sentirem bem, unidos, desmedidamente tolerantes e "em paz".


Mas afinal, o que devemos entender como paz realmente? A paz é o resultado da justiça (no brasão de Pio XII: Opus Justitiae pax), de quando cada um cumpre com seu dever e tem garantido o que lhe é de direito. Portanto, a paz não é apenas um estado de tranquilidade, de ausência de guerras ou conflitos, mas sim o resultado da ordem. Por isso que Santo Agostinho a define como "tranquilidade na ordem". A verdadeira paz, a paz de Cristo, e não do mundo, nos foi tirada pelo pecado original, que causou um estado de desordem incalculável em toda a Criação. Afinal, como poderia ser diferente quando a criatura ofende seu Criador? Que injustiça maior que essa, que o pecado?


Devemos buscar a paz. Não aquela de pacifistas sentimentaloides com slogans repetidos, mas a de Cristo. A paz plena só encontraremos no paraíso, onde a ordem está estabelecida. Estaremos livres de todo o pecado, nossas dívidas estarão pagas e estaremos reconciliados plenamente por toda a eternidade com Nosso Criador. Mas, para isso, a busca pela paz deve começar aqui no mundo. Devemos nos esforçar para abandonar o pecado, receber frequentemente os santos sacramentos e devotarmos toda nossa vida no cumprimento da vontade de Deus.

Nesse feriado tão nojento de carnaval, o que eu vou fazer é procurar a paz. Sumir do mundo por cinco dias e me resguardar no silêncio completo. Porque com o silêncio, buscarei ordenar minha mente e meu espírito. Através do silêncio quero obter a paz. A verdadeira, a de Cristo. Rezem por mim!



Que a paz esteja com teu espírito!

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