sexta-feira, 1 de abril de 2011

De forma misteriosa

É extremamente curioso ver as diferentes formas que Deus usa para nos proporcionar consolações em meio ao mundo. Segue abaixo uma conversa por e-mail que tive essa semana, exemplo desses misteriosos planos divinos...

Minha interlocutora foi a Esther, leitora do blog, que já comentou algumas vezes por aqui. 








From: cintia
To: esther
Subject: Oi! SM!
Date: 28 Mar 2011 


Olá Esther, Salve Maria!

Gostaria da sua franca opinião sobre essa breve historinha minha...

Obrigada,
E.M.Cíntia =)

 Outro dia eu estava saindo do metrô Vila Madalena, quando vi uma moça que me chamou muito à atenção. Ela estava vestindo-se escandalosamente modesta, de saia e meia preta, pois estava frio, estava com um sapatinho igual ao meu e tinha um cabelo muito bonito, preso meio de lado, meio às pressas, mas não era relaxo. Era com beleza. Uma beleza daquelas que a gente fica feliz ao ver nas pessoas.

Que coisa intrigante. Como pode uma moça vestir-se assim a vista de todos nos dias de hoje? Ela não tinha vergonha? Ninguém se veste assim, isso é um absurdo. Só vejo algumas protestantes andando assim... Ai, será que ela é protestante?? Que triste seria isso. Uma moça tão linda, com aquela beleza que dava vontade de sorrir, jogada na lama? Que dó que me deu... Ai, mas será?? Mas, espere. Tem algo lindo nas mãos da moça... parece com algo que eu tenho...será mesmo? Eu vi direito?? Sim, tenho certeza. Só pode ser...É UM TERÇO!
 
Fiquei contentíssima. É tão difícil encontrar hoje alguém que reza o terço antes das 7 da manhã... A moça deveria ser bem orientada, para estar tão linda. Não era questão das roupas, nem mesmo do cabelo... Isso eram molduras. A beleza que me deixou feliz é aquela da alma que busca a Deus. Essa é aquela beleza que podemos perceber de pronto assim que conhecemos a pessoa.
Parece que um anjo me mostrou aquela alma só para me consolar, "Olha, tenha paciência. Vocês não estão sozinhas não..."

Tentei ver para qual direção ela seguia. Mas estava atrasada, rezei por ela, agradeci a Deus por essa consolação e segui meu caminho, desejando que nossas almas pudessem ser felizes juntas no Céu.
 
É muito improvável encontrar pessoas em metrôs. São muitas pessoas, muitos trens, muitos vagões.

Mas acontece.
 
Hoje, entrei no metrô e sentei ao lado de um rapaz que dormia. Peguei um livro da faculdade para ler. Duas estações depois, vi na plataforma algo que chamou pela minha atenção novamente. Não era apenas a saia azul fofa de florzinhas. Era aquela beleza da qual falei que me surpreendeu. E...espere! Será?? Não, isso é impossível. Seria muita coincidência. Não, pera...é sim!

Providência, eu diria.

Era a mesma mocinha que me encheu de alegria há algumas semanas, numa manhã como aquela. Bem, se não fosse aquela menina, então estaria brotando católicas fervorosas no Metropolitano de São Paulo, pois essa moça de hoje estava até rezando em pé! Sim, seus lábios murmuravam algo e seu semblante estava sério. E belo, daquela beleza. Aquela, sabe?
 
Descobri que ela embarcava no Sacomã.

Que curioso! Eu queria cutucar a menina, dizer "oi", falar que eu também era assim...diferente como ela, perguntar se ela já nasceu assim ou se ficou assim depois, e como foi isso... e tantas outras coisas que duas raparigas que se parecem gostariam de perguntar uma para outra.
 
É meio que como o golfinho que vê sua imagem no espelho e fica cutucando com o focinho para conhecer melhor aquele outro que lhe é semelhante.

E entre pernas, buchichos e campainhas do trem, minha mente entrou em um suave devaneio, misturando a menina bela, o golfinho e a sociolinguística em um breve sonho. Tão breve que durou só das Clínicas ao Sumaré, mas foi o suficiente para perder de vista a misteriosa menina. Desembarquei na Vila Madalena de todos os dias, convencida de que em breve poderia reencontrá-la.
 
Só não imaginei que fosse tãão breve.

Depois da primeira aula, fui com uma colega ao xerox, comprar umas folhas que precisarei para as aulas de amanhã. Meio desolada, pela "Semana da Mulher na Letras" e o demoníaco cartaz "Basta de rosarios en nuestros ovarios" que vi em um mural, caminhava pelos corredores de cabeça baixa. Nisso, vi um sapatinho meigo e uma saia fofinha...
 
Era a mesma saia fofinha azul com florzinhas que havia visto algumas horas antes.

Tive vontade de ir lá e contar toda essa história maluca pra ela. Mas eu aposto que iria assustá-la... "Oi, tudo bem? Meu nome é Fulana, vc não me conhece, mas eu já te vi no metrô umas duas vezes, gostei das suas roupas e sei até onde vc embarca. Nossa, tô super feliz de te ver aqui na Letras! "
Quem, em sã consciência, ficaria tranquila após uma doida aparecer na sua frente falando assim?? É por isso que sinto falta das cartas. Escrever é tão mais fácil, podemos explicar bem melhor, com calma, tintim por tintim...
 
Bem, pelo menos temos os e-mails... não é mesmo, Esther?

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From: esther
To: cintia
Subject: Re: Oi! SM!
Date: 29 Mar 2011 
  
Oi Cíntia, Salve Maria!

Eu achei uma incrível coincidência que essa menina que vc descreveu embarcar no metrô na mesma estação que eu embarco, ter vestido roupas com as quais eu me lembro ter vestido nesses dias... e ainda rezar o rosário no mesmo horário que eu! Talvez, realmente, estejam brotando católicas fervorosas no Metropolitano de São Paulo, nunca se sabe (:

Sabe o que é mais engraçado ? é que durante esses dias, ao mudar de uma sala para a outra, eu andava buscando por rostos que eu só tinha visto em fotos na internet pela faculdade, mas não achava...! E no entanto, parece-me que vc viu-me várias vezes! rs

Ohh, eu vi, este demoníaco "Basta de rosarios en nuestros ovarios". Eu estou há mais um ano lá, e ainda me escandalizo com essas coisas...! Simplesmente não consigo entender, nem mesmo ver, como as pessoas podem ignorar toda uma realidade espiritual de suas vidas, negar a existência de uma criança na barriga da mãe, de um anjo que as protege e que deseja levá-las a Deus, negar o amor de um Deus que se fez carne, morreu por elas... não posso entender como eles podem pensar que o "normal" é viver com um "vazio", é ter uma "náusea" da vida.

Que vida triste, meu Deus!

E em meio a toda essa miserabilidade, é uma verdadeira consolação ver, vez ou outra, um crucifixo que seja no pescoço de alguém, um escapulário, ver um sacerdote de batina, ou uma irmã de hábito! descobrir um Gustavo Corção ou uma poesia fervorosamente católica em meio aos erotismos e blasfêmias de outros poetas...estas pequenas coisas, são esses simples sinais de Deus...tenho certeza plena, de que o que me sustenta nesse meio, é Ele e minha Mãe, porque sem eles eu já tinha definhado há tempos...!
Em pensar que cada uma dessas pessoas da faculdade, do metrô, do bandejão... custaram o sangue de Nosso Senhor! É uma loucura!
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Mudemos um pouco de assunto (:

Como estão suas aulas ? Com que professores vc está ? Suas aulas do coral já começaram ?... porque está me devendo um almoço! ;D

Beijinhos!

Esther (:






Flos Carmeli, ora pro nobis! 

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